sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O que fazer sabado a noite




- E aí vamos cair no mundo? Gritava Tião no portão de minha casa , junto com sua irmã e outras pessoas enquanto eu atravessava o corredor de casa prendendo meu cabelo e vestindo minha jaqueta de couro sitético barato ala RAMONES. Como em várias outras noites não sabíamo aonde ir, e segundo ele era ainiversário de um cara de uma família antiga do bairro, aprimeira a montar um minimercado na região que por anos foi o único, a família posuia uma fabrica de tubolares, onde nesse galpão seria realizado a festa.
Como em todas as festas fomos a pé e chegando lá eu sempre tinha que contar com alguém que tinha amizade com alguém da festa devido a meu estilo de vida isolado não ser conhecido de ninguém. Ao entrar percebi o dono da festa com uma garrafa de wisky pra la da metade se escorando na parede rodiado de garotas qual ele revesava beijos na bocA, emergentes da periferia, pessoas com atitude “blasé” cultuando toda a trangressão moral que sua grana é capaz de comprar temporariamente para suas vidas sem propósito, eu sabia , era só isso, fora isso era diversão com meus amigos. Numa ronda rápida na festa percebi que a cocaína rolava livre em algumas bandeijas  ou consumidas sobre a carteira dos mais chegados, mas estava rolando Nirvana, o que permitiu que iniciássemos uma roda de pogo e alguns stad dives de cima de um caminhão que estava estacionado dentro do galpão.

Reparei depois de algum tempo, um certo interesse de algumas garotas por mim, mas devido ao conteúdo anárquico daquele ambiente não me apeteceu nenhuma da falta de  personalidade das mulheres que estavam ali. Depois de algumas horas de cerveja e outros ingredientes etílicos, obviamente fiquei mais sociável e achado todos mais simpáticos. Todas as festas eram analisadas no ranking que iam desde amanhecer aqui, até tomar umas e bomba de fumaça! Essa estava classificada como amanhecer aqui, devido a pessoas com cultura política e musical suficiente para um debate de algumas horas. Quando surgiu com lágrimas nos olhos; Alemão- um mecânico  integrante de um grupo de motoqueiros que tinha uma atitude rock que eu admirava, a pouco tempo tinha sofrido um grave acidente que lhe rendeu alguns pinos pelo corpo o que fazia entrar pela festa arrastando o pé como um sobrevivente de guerra, mas o que me chamou a atenção foi sua frase em resposta a pergunta de Tião- O que aconteceu mano?

- Maurão porra, Maurão, meu truta, recebi a noticia que ele se envolveu numa briga, foi baleado e esta no IML  de Osasco, precisa de alguém para reconhecer o corpo e avisar para a família, eu não tenho estômago para ir lá.
- Porra ! Maurão –disse Tião olhando p mim com cerveja transbordando pelo seu copo descartável- conheço maurão, que trágico mano.
Eu sabia que aquele olhar do Tião significava que como em varias outras ocasiões teríamos que entrar em ação para resolver essa questão, porem Cecília a bela e morena irmã de tiâo não permitiria apesar de sua condição ébria que o irmão ( como eu alias ) depois de um intenso consumo de drogas etílicas, alucinógenas e anfetaminas, eu por outro lado sempre mantinha minha consciência mesmo com a perda das faculdades físicas o que tornava mais fácil uma argumentação nesses casos. Combinamos então que em nome de  um bem maior iríamos na caçamba de uma pampa do Alemão ate o IML para os procedimentos burocráticos necessários para poupar a família de uma dor que por si só já era difícil e depois voltaríamos a festa.
Noite fria, Alemão dirigindo ao lado de Cecília com lagrimas nos olhos relembrando os melhores momentos com o amigo ao alto som de CREDENCE e eu e Tião na caçamba tomando o resto de uma garrafa de wisky e filosofando sobre a brevidade da vida. Alemão não queria nem entrar no IML então foi eu o intermediador da situação a converncer os visivelmente mórbidos funcionários do IML de que apesar de não sermos da família estávamos ali para iniciar os procedimentos da regularização do óbito. Nos levaram até a câmara onde ficam os cadáveres que acabaram de dar entrada, onde reencontrei uma pessoa que tinha conhecido no buteco do Cidão, -momento flashback- entre um copo e outro de maria mole esse nordestino de estatura super baixa semblante depressivo e grandes olheiras, me esclareceu sobre o cotidiano de um IML  em uma cidade periférica de terceiro mundo, que ele próprio já transara com vários cadáveres, que não se afetava em fazer seu lanche enquanto haviam necropsias, do desprezo por pessoas materialistas e consumistas que ao terem seus corpos em entrada do IML  tem seu pertences mais valiosos usurpados( exceto em caso de crime ) e que o que sempre lhe causava ódio era o óbito de crianças vitimas de estupro.

O fato de eu já conhecer o auxiliar do IML naquela hora da madrugada me facilitou alguns procedimentos, após constatar que era realmente nosso conhecido o cadáver em cima daquela mesa de alumínio o auxiliar com uma caneta bic nos mostrou o furo da bala que penetrara transversalmente o rosto do jovem e me oferecento a caneta cutuquei o orifício do projétil onde era possível sentir a bala alojada no interior do crânio. Saí dali então com um check list de procedimentos que a família teria que apresentar para a liberação do corpo, obviamante que toda essa experiência limpou todo nosso organismo de qualquer excitação de voltar p a festa bem como os efeitos das drogas. Ao sair da casa da família do defunto, senti um arrependimento de não poder oferecer nada alem de aquela pequena ajuda e por ser o mensageiro de um fato tão ruim que iria marca-los pelo resto de suas vidas,  Mas isso sempre foi minha vida: atitudes a serem tomadas em pouco tempo sobre causas difíceis e delicadas,  mas não é sempre assim com todo mundo? A religião vende a idéia de uma possibilidade de vida mais fácil, mas vida que precede felicidade intensa e permanente não passa de um sonho de miss.



PROBLEMAS EXISTENCIALISTAS :


Todos sabiam de certas tendências suicidas entre alguns garotos do grupo, principalmente eu e Fabio pinga, houve um incidente em que numa festa de família em um sobrado no nosso bairoo lá pelas altas horas da madrugada , Fabio sentou-se em um muro na sacada do andar superior da casa e entre um copo e outro de wisky, sentiu-se meio deslocado e talvez tomado pela reflexão de sua vida sem propósito e de um futuro nefasto, vislumbrava a alegria negligente que é comum à a dolescência e achou tudo aquilo hipócrita, vazio e transitório decidiu então jogar-se de costas para a rua! Nada aconteceu como planejado, a não ser um hilário episódio que ficou na lembrança de todos. Ninguém nunca o condenava por essas atitudes. Filho de pais analfabetos, o pai vivia de sub empregos de toda a categoria, com uma renda insuficiente para o mínimo básico para a sobrevivência dos 5 filhos, e uma mãe com problemas neurológicos crônicos.  Eu mesmo testemunhei os irmãos pequenos comendo comida azeda sob o olhar etéreo, perdido, catatônico de sua mãe, o que nos fez planejarmos um show beneficiente para arrecadarmos alimentos para a família numa época de crise ainda maior. Não resolvemos um problema social definitivamente, mas segundo ele foi um gesto perpetuado.

James fugitivo da extinta FEBEM por 2 vezes, já experiente no mundo do crime e meu amigo das mais tenras idades da infância me pediu um favor que talvez tenha sido um teste elaborado por forças desconhecidas do universo. Eu guardei em uma caixa de sapatos escondida no meu quarto um revolver Taurus calibre 22 com 2 balas no tambor e numeração riscada. Era a primeira vez que sentia o peso e a aura obscura e negativa de portar um instrumento desse tipo na mão. Mas o perigo não era a arma e sim o que eu estava sentindo naquela época. A arma não corria o risco de ser descoberta, visto que meu quarto era separado do resto da casa, e a negação da minha existência, e a negligência dos sentimentos familiares alimentava um raciocínio mórbido, mas que na minha cabeça tinha carater lógico e natural. Seria perfeitamente legítimo se eu tirasse minha própria vida já que as perspectivas sobre meu futuro também considerava sombrias e ouvia tantas vezes que era uma pessoa inútil, mal vista, e inferior a qualquer outra em todos os comparativos. Somente uma coisa  mantinha meus planos quardados naquela caixa de tênis Nike cano alto; a paixão secreta por uma garota .

Porem o círculo do universo fechou naquela noite, todos estavam em uma grande e animada festa de casamento, me senti constrangido pois a família era muito carinhosa entre si e divertiam-se muito, um ambiente que eu nunca teria, alem disso tinha descoberto minha paixão com seu mais recente (talvez primeiro) namorado. Ao sair sorrateiro da festa- obviamente minha presença era ignorada por todos mesmo-encontrei- me com James que retrebui-me o favor de quardar sua arma com uma forte sessão de etileno e THC .  Algumas das cenas seguintes foram absolutamente apagadas da minha memória pois eu estava com um conflito interno que falava muito alto naquele momento . Adorava sentir os efeitos da maconha sozinho em um quarto escuro ouvindo rock.  Pus no toca discos um vinil do recém lançado USE YOUR ILUSION  do Guns n Roses, iniciava-se ali meu ritual de suicídio.

Reflexivo na cama, minha mente surfava nos bends da guitarra de Slash  e mesmo no escuro eu tinha visão da arma, quando ouvi passos pela casa onde so havia eu e minha loucura;

- Hey mano, vamo la pra festa, já bebi pra caraio! – Tião tinha aquele olhar perdido e igualmente perdido parte de sua condição motora.
- Da um tempo que eu já apareço- a frase saiu com um tom carinhoso porem fiquei com receio que ele captasse algo diferente que o fizesse me esperar; mas vi em seus olhos que ele entendera que precisava me deixar só.

Foi então que, ao fechar a  porta  presumiu-se um silêncio entre uma faixa e outra do álbum e decididamente peguei a arma e tranquei a porta do meu quarto e ao som de Stranged  e novamente do escuro coloquei a arma na têmpora direita. As substâncias alucinógenas estavam em estado de massa crítica na minha mente o que me levou a um estado contemplativo e então tive a visão :

Uma manha diferente


Nenhum comentário: